Escrituras de Ephyros
“O mar é um paradoxo eterno. Ele guarda força e suavidade, paciência e pressa, serenidade e caos. Eu sou Ephyros, aquele que observa tudo isso e mantém o equilíbrio entre os extremos. Pois não é a força de uma onda que molda a costa, mas a repetição infinita de sua dança.
Os que me buscam devem lembrar: o oceano não tem um só rosto. Ele é o pescador que lança sua rede, a guerreira que encara tempestades, o navegador que segue as estrelas, a criança que brinca na espuma, o ancião que medita às margens. Cada um carrega um fragmento do mar, mas nenhum deles é o todo.
O pescador vive do que o mar lhe dá, mas também o toma para si. Suas mãos moldam seu destino, mas seus olhos veem apenas o que está próximo. Ele é a fome e o sustento.
A guerreira é destemida, enfrentando as ondas como se pudesse dominá-las. Mas o mar nunca pertence àqueles que tentam subjugá-lo. Ele aceita a força, mas não a reverencia.
O navegador busca o horizonte, confiando nas estrelas e nos ventos. Ele entende os caminhos do oceano, mas apenas enquanto eles se revelam a ele. Quando as estrelas se escondem, ele é tão cego quanto qualquer outro.
A criança se perde em maravilhas, ouvindo o canto das conchas e seguindo a dança da espuma. Mas o mar não é só beleza; ele é vasto, profundo e cruel para os desatentos.
O ancião senta à margem e observa, ouvindo o ritmo eterno das ondas. Ele compreende o silêncio e a espera, mas mesmo a sabedoria pode ser limitada. O ancião sabe muito, mas sabe tudo?
O que é o mar, senão todos esses juntos e nenhum deles por completo?*
*Se desejam abrir o caminho, devem escolher aquele que carrega em si não a perfeição, mas o reflexo do infinito. Pois o mar não é apenas o que vemos, mas tudo aquilo que nunca podemos alcançar.”
Caso os jogadores tiverem dificuldade para decifrar, podem perceber que há uma segunda camada legível:
“Você que busca o favor do mar, escute novamente o chamado das ondas.
O pescador conhece a dádiva das águas, mas sua rede captura apenas o que é visível. Ele vive do presente, mas não enxerga o eterno. A guerreira enfrenta as tempestades com aço, mas força nunca domou a maré. Mesmo o aço enferruja perante a constância do oceano. O navegador traça rotas pelos céus, mas as estrelas não brilham em todas as noites. Sem as luzes do firmamento, até o mais habilidoso se perde. A criança brinca na espuma, mas o mar é mais do que o encanto de suas margens. Ela vê apenas o reflexo, e não a profundidade. O ancião senta às margens, ouvindo o ritmo eterno das ondas. Ele não busca dominar nem moldar o oceano, mas compreendê-lo. Ele vê o todo onde outros enxergam partes.*
Lembre-se: o que é vasto e eterno não se conquista, mas se aceita, como se aceita a passagem do tempo. O mar pertence àqueles que o escutam, não aos que o desafiam.”